A ALEGRIA, A MARAVILHA E O PROPÓSITO DIVINO DO NASCIMENTO DE CADA CRIANÇA
Primeira Leitura: Isaías 49,1-6
Salmo Responsorial: Sl. 138(139),1-3,13-15
Segunda Leitura: Atos 13,22-26
Leitura do Evangelho: Lucas 1,57-66,80
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Era uma vez, nas vastas e encantadoras paisagens de uma savana africana onde as pessoas viviam em harmonia com a natureza, um sábio ancião reuniu os aldeões aninhados em meio a uma vegetação luxuriante iluminada pelo luar diante de uma fogueira crepitante e compartilhou uma história que ficou gravada no tecido de sua cultura. Era a história de uma leoa corajosa que governou o reino animal após a morte de seu marido, deixando-a grávida. Ela era forte e nobre, temida por todas as criaturas. sua juba dourada fluindo como rios de fogo enquanto ela comandava o respeito de todas as criaturas grandes e pequenas. Mas no coração dessa temível rainha, uma transformação milagrosa ocorreu no dia de seu parto. Lendo este conto poético atemporal, tecido na tapeçaria da sabedoria antiga que ressoa com o batimento cardíaco da humanidade, minha atenção foi atraída para a cena em torno do nascimento de seu filhote, que seria o foco de nossa reflexão hoje. Em resumo, ela deu à luz um pequeno e frágil filhote de leão, e o mundo ficou paralisado. Do mais poderoso elefante ao menor colibri, todas as criaturas pararam em reverência, sentindo o significado divino deste nascimento, que os fez se reunirem em torno da cena para prestar homenagem e lealdade. Era como se o próprio tecido da criação estremecesse de ansiedade, pois o nascimento desse filhote significava esperança, o alvorecer de uma nova era e um chamado divino. Ao refletirmos sobre a solenidade da Natividade de São João Batista, esse conto africano ressoa profundamente em nós. Hoje, nos reunimos para celebrar o nascimento de mais uma criança, não uma criança qualquer, mas uma criança que carregava dentro de si o destino de cumprir um propósito divino. São João Batista, nascido neste mundo, anunciou o alvorecer de uma nova era, a vinda do tão esperado Messias, Jesus Cristo. Com o nascimento de João Batista, somos chamados a refletir sobre a alegria, a maravilha e o propósito divino do nascimento de cada criança.
Na primeira leitura do livro de Isaías (Isaías 49,1-6), ouvimos as palavras proféticas que prenunciam a missão de João Batista. O profeta Isaías descreve como Deus o chamou desde o ventre de sua mãe, ainda antes de seu nascimento, para ser um servo e uma luz para as nações, designado para levar a salvação até os confins da terra. Da mesma forma que o nascimento do filhote de leão no conto africano trouxe uma mensagem de esperança e transformação, também o nascimento de São João Batista trouxe uma mensagem divina que ecoou por gerações, preparando o caminho para a salvação de toda a humanidade. Esta passagem enfatiza o relacionamento íntimo entre Deus e Seu servo escolhido, o propósito especial para o qual ele foi separado. Revela que a vida de João não foi uma ocorrência aleatória, mas parte do plano divino de Deus – um plano que foi tecido no tecido da própria criação, não é de admirar que celebremos a solenidade de seu nascimento, algo que raramente comemoramos na Igreja. Desnecessário dizer que apenas comemoramos a morte de todos os santos como o dia de sua entrada triunfal na glória celestial, mas apenas celebramos o nascimento de três grandes figuras no calendário litúrgico da Igreja – São João Batista, a Bem-Aventurada Virgem Maria e nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando Isaías fala de sua vocação desde o ventre de sua mãe, mesmo antes de seu nascimento, ele leva para casa um sentimento de conhecimento íntimo de Deus sobre ele. Isto ajuda-nos a compreender melhor o Salmo Responsorial (138[139]:1-3,13-15) do dia, que faz eco deste sentimento de conhecimento íntimo de Deus sobre nós, como proclama o salmista: «Tu formaste o meu interior; tu me teceste no ventre de minha mãe”. É uma bela reflexão sobre a profundidade do amor de Deus e Seu intrincado envolvimento em todos os aspectos de nossa existência. A história do filhote de leão ecoa essa verdade, pois o nascimento do filhote significou uma conexão profunda com o coração da criação. Da mesma forma, São João Batista, criado por Deus de maneira assombrosa e maravilhosa, estava destinado a cumprir seu propósito sagrado, sua vida intricadamente tecida na tapeçaria divina da salvação. Assim como Deus conheceu e formou João Batista no ventre de sua mãe, Ele conhece cada um de nós intimamente e tem um propósito para nossas vidas.
Voltando à segunda leitura dos Atos dos Apóstolos (13,22-26), encontramos a proclamação de São Paulo sobre a linhagem do rei Davi, uma linhagem que levaria ao nascimento de Jesus Cristo. Assim como o nascimento do filhote de leão no conto africano marcou uma nova era, o nascimento de São João marcou uma virada na história da salvação. São Paulo nos lembra que o plano de Deus se desenvolve através das gerações, tecendo os fios da profecia e do cumprimento, levando finalmente ao nascimento do Salvador. A leitura também enfatiza que João se considerava indigno de desamarrar as sandálias daquele que viria depois dele. Sua humildade e reconhecimento da grandeza de Jesus servem como um poderoso lembrete para reconhecermos humildemente nossa própria indignidade diante do Senhor e prepararmos nossos corações para Sua vinda.
E numa experiência mais realista e concreta, no Evangelho de hoje (Lc 1,57-66,80), encontramos a alegre narração do nascimento e nomeação de João Batista. O anjo Gabriel apareceu a Zacarias, pai de João, anunciando que ele e sua esposa, Isabel, conceberiam um filho na velhice. A alegria e o encantamento que cercam este evento reverberam com os ecos do conto africano. Os pais idosos, Isabel e Zacarias, dão à luz um filho apesar da esterilidade de seus anos, e o nome “João” é proclamado, contrariando as expectativas. O nome da criança ressoa com significado divino, um nome escolhido pelo próprio Deus. Como na história do filhote de leão, o nascimento de João Batista marca um momento crucial, onde o céu e a terra convergem em antecipação à chegada do Messias. Esse nascimento foi o cumprimento do plano de Deus e trouxe grande alegria e admiração a todos que o ouviram.
As leituras de hoje nos apresentam lições profundas que ressoam com nossas próprias vidas como discípulos de Cristo. Como João Batista, também nós somos chamados a ser servos de Deus, a fazer brilhar a Sua luz no mundo e a preparar o caminho para a vinda de Jesus ao coração dos outros. Somos lembrados do relacionamento único e pessoal que temos com nosso Pai Celestial, que nos conhece intimamente e tem um propósito para cada um de nós. Assim como João humildemente reconheceu seu lugar em relação a Jesus, nós também devemos reconhecer humildemente nossa dependência Dele e buscar diminuir para que Cristo cresça em nossas vidas. Ao refletirmos sobre a história do filhote de leão e o nascimento de São João Batista, somos chamados a reconhecer a sacralidade de cada criança nascida neste mundo. Assim como o nascimento do filhote de leão trouxe esperança e transformação ao reino animal, também o nascimento de cada criança traz o potencial de renovação e salvação para nossa família humana. Que possamos abraçar o milagre do nascimento com reverência e admiração, valorizando cada criança como um presente de Deus, dotado de um propósito e destino únicos, e lembrando nossa missão de proteger o nascituro no útero. Vamos, como os sábios aldeões do conto africano, reconhecer o significado do nascimento de São João Batista e do nascimento de cada criança como um convite para alimentar a esperança, cultivar o amor e preparar o caminho para Cristo em nossos corações e em nosso mundo.
Ao celebrarmos a solenidade de São João Batista, vamos refletir sobre o exemplo que ele nos deixou: sua fé inabalável, sua humildade e sua dedicação em preparar o caminho para o Senhor. Que possamos responder ao chamado de Deus em nossas próprias vidas, sabendo que Ele nos formou e tem um propósito para nós. Sejamos corajosos na proclamação da verdade, apontando outros para Cristo e preparando o caminho para Sua vinda em suas vidas. Que o exemplo de São João Batista, que cumpriu seu chamado divino com devoção inabalável, nos inspire a abraçar nosso propósito único, ser arautos da esperança e portadores da luz de Deus em um mundo que anseia pela salvação.
OU
(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DA SEGUNDA-FEIRA DA DÉCIMA SEGUNDA SEMANA DO TEMPO COMUM)
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo.
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PS: Você já rezou o seu terço hoje?