SANTO IRENAEU: DISCERNIMENTO E PRODUZINDO BONS FRUTOS
Primeira Leitura: Gn 15,1-12,17-18
Salmo Responsorial: Sl. 104(105),1-4,6-9
Leitura do Evangelho: Mateus 7,15-20
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No intrincado tecido da vida, nos deparamos com inúmeras escolhas e encontros que moldam nossa jornada. Por vezes, o caminho a seguir parece velado, envolto em ambiguidade e incerteza. Nesses momentos, a necessidade de discernimento torna-se fundamental – uma bússola interior que nos guia em direção à verdade, à bondade e à autenticidade. O discernimento é a arte de perceber além das aparências, perscrutando as profundezas das situações, das ideias e até das pessoas, para distinguir os frutos que elas trazem. Neste dia, portanto, somos chamados a refletir sobre o tema do discernimento e do bom fruto refletido na vida de Santo Irineu, cuja memória celebramos.
Na leitura do Evangelho (Mateus 7:15-20), Jesus transmite profunda sabedoria ao advertir Seus discípulos sobre os falsos profetas que se disfarçam de ovelhas, mas abrigam segundas intenções. Ele os exorta a discernir a verdadeira natureza desses indivíduos examinando os frutos de suas palavras e ações. Esse chamado ao discernimento ressoa ao longo do tempo, lembrando-nos da importância de ver além das aparências e buscar a essência genuína daqueles que encontramos.
Da mesma forma, Santo Irineu, um dos primeiros teólogos e bispos cristãos, exemplificou esse chamado ao discernimento em sua obra. Vivendo no século II, ele encontrou vários movimentos filosóficos e religiosos que ameaçavam a autenticidade e integridade da fé cristã. Com profunda visão e discernimento, Santo Irineu combateu essas distorções, enfatizando a importância de permanecer fiel aos ensinamentos de Jesus Cristo e dos apóstolos. Ele reconheceu que o discernimento envolvia não apenas distinguir os ensinamentos verdadeiros dos falsos, mas também nutrir uma profunda conexão espiritual com Deus, permitindo que Sua sabedoria divina guiasse o caminho a seguir.
Na tapeçaria de nossas próprias vidas, o chamado ao discernimento está sempre presente. Ele nos convida a examinar os frutos que emanam de nossos próprios pensamentos, palavras e ações. Estamos plantando sementes de amor, compaixão e integridade, ou involuntariamente semeamos sementes de discórdia, engano e egoísmo? Ao cultivar o discernimento, nos tornamos co-criadores de nossas próprias realidades, moldando um mundo que produz os doces frutos da retidão, autenticidade e graça. Os escritos de Santo Irineu oferecem percepções inestimáveis sobre a importância do discernimento diante de desafios e ideologias conflitantes. Sua ênfase em permanecer fundamentado nos ensinamentos de Cristo, buscar sabedoria nas Escrituras e nutrir um relacionamento vibrante com Deus serve como uma luz orientadora para nossa própria jornada de discernimento.
No entanto, o discernimento não é um esforço solitário. Está entrelaçado com a interconexão de nossas vidas, pois fazemos parte de uma tapeçaria maior que inclui os pensamentos, escolhas e ações dos outros. Assim como somos chamados a discernir os frutos daqueles que encontramos, também devemos estar atentos aos frutos que inspiramos nos outros. Nossas vidas trazem frutos de bondade, empatia e justiça, convidando os outros a fazerem o mesmo? Por meio de nossas interações, podemos plantar sementes de transformação, nutrindo ambientes onde o amor, a compreensão e a união possam florescer.
Queridos amigos em Cristo, o caminho do discernimento não é isento de desafios. Exige que olhemos além das seduções superficiais que cativam nossos sentidos e perfuram o véu da ilusão. Exige que enfrentemos nossos próprios preconceitos e desejos movidos pelo ego. Para dar bons frutos, devemos estar dispostos a nos envolver em profunda auto-reflexão, desenterrando as sementes de negatividade que residem dentro de nós e substituindo-as por sementes de compaixão, perdão e sabedoria. Enquanto navegamos pelas intrincadas paisagens da vida, vamos abraçar o dom do discernimento. Que possamos cultivar a capacidade de ver além das aparências, buscando a verdade que está no cerne de cada situação, de cada encontro. Esforcemo-nos para dar bons frutos, não apenas para nossa própria transformação, mas também como oferenda ao mundo – um testemunho do poder transformador do discernimento, do amor e da vida autêntica. Ao fazer isso, nos tornamos catalisadores de mudanças positivas, alimentando um mundo que floresce com os frutos da graça, da harmonia e das possibilidades ilimitadas do espírito humano. Como Santo Irineu, que nosso discernimento seja um farol de luz em meio à confusão, guiando-nos cada vez mais para perto da verdade e irradiando o amor de Cristo a todos que encontrarmos.
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo.
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PS: Você já rezou o seu terço hoje?