A SANTA CRUZ DE JESUS CRISTO – NOSSA VACINA ESPIRITUAL
Salmo responsorial: Ps. 77 (78): 1-2,34-38
Leitura do Evangelho: João 3: 13-17
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A maioria de nós está bem ciente da importância da vacinação ou imunização. A vacinação ajuda a construir a imunidade do corpo a uma doença, evitando que alguém contraia e espalhe a doença. Compreender como as vacinas são feitas geralmente serve como uma chave para entender as leituras de hoje. A ciência médica revela que as vacinas são feitas usando vírus ou bactérias causadores de doenças; por exemplo, no caso do COVID-19, o vírus é obtido, passado por um processo em laboratório e, consequentemente, enfraquecido ou morto. Este vírus morto (COVID-19) é então injetado no corpo; isso geralmente é feito com um tiro na perna ou no braço. O corpo detecta o antígeno invasor (que foi introduzido) e produz anticorpos para combatê-lo. Esses anticorpos então permanecem no corpo por um longo tempo; em muitos casos, eles permanecem pelo resto da vida, de modo que, se alguém for exposto ao COVID-19 novamente, seu corpo o lutará sem nunca contrair a doença. Em relação ao antecedente, podemos falar de nossa vacina espiritual e imunização recebida por meio da Cruz e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Como resultado do pecado, a humanidade enfrentou um “vírus espiritual” mortal chamado “morte”; é por isso que a Bíblia nos diz que “o salário do pecado é a morte” (cf. Rom. 6:23). No entanto, Cristo levou nossos pecados (e morte) sobre Si e os matou na Cruz do Calvário por meio de sua própria morte e ressurreição, e ao destruir nossa “sentença de morte”, ganhamos a salvação eterna (vacina espiritual) crendo Nele por meio da recepção dos sacramentos. Este instrumento sagrado através do qual a humanidade foi redimida (“vacinada”) é o que celebramos hoje.
A festa de hoje da Exaltação da Santa Cruz celebra dois eventos históricos: a descoberta da Verdadeira Cruz de Cristo por Santa Helena, a mãe do Imperador Constantino, no ano 320 em Jerusalém, e a dedicação da basílica e santuário construído no Calvário por Constantino (em 335), que marca o local da crucificação. No entanto, a festa, mais do que qualquer outra coisa, é uma celebração e comemoração da maior obra de Deus para a humanidade por meio da morte de nosso Senhor Jesus Cristo e Sua Ressurreição, por meio da qual a morte foi derrotada e as portas do paraíso abertas.
A morte de Nosso Senhor Jesus Cristo na Santa Cruz é uma reminiscência do que aconteceu ao povo de Deus na primeira leitura, ilustrando uma espécie de vacina espiritual que receberam no deserto. Dizem que depois de se rebelarem contra Deus e Moisés, eles foram picados por serpentes de fogo, o que causou a morte de muitos deles. Em espírito de arrependimento, clamaram a Deus, e Deus ordenou a Moisés que fizesse uma imagem de uma serpente de bronze e quem fosse mordido e olhasse para ela seria curado. Aqui, a serpente sem vida servia de “vacina espiritual” para o povo (assim como serve um vírus sem vida), de modo que, ao ser vista, superou os efeitos das serpentes venenosas que as picaram. Desnecessário dizer que a serpente de bronze erguida em um estandarte foi uma prefiguração da morte de Cristo na Cruz, que conquistou para nós nossa redenção. Da mesma forma, na leitura do evangelho de hoje, Jesus se lembra da mesma maneira que as pessoas de antigamente (na primeira leitura) foram ‘imunizadas’ contra as serpentes venenosas, olhando para a serpente de bronze como sinal sobre uma haste: “Do mesmo modo, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos os que nele crerem tenham a vida eterna.”
Ao celebrar a festa de hoje, somos chamados a lembrar as palavras do salmista de hoje: “Das obras do Senhor, ó meu povo, não te esqueças!” Isso significa que devemos estar sempre atentos à nossa imunização espiritual (vacinação) provocada pela Cruz de nosso Senhor Jesus Cristo como uma resposta à Vontade do Pai. Em outras palavras, devemos ter consciência do amor de Deus Pai, que não hesitou em nos enviar seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo: este Filho que, despojado de seu esplendor divino, tornou-se igual aos homens, deu a vida na cruz para todos os povos (cf. Fp 2: 6-11, 1Tm 2: 4). A Cruz torna-se o espelho no qual, refletindo a nossa imagem, podemos redescobrir o verdadeiro sentido da vida, as portas da esperança, o lugar de renovada comunhão com Deus. Mais uma vez, a festa de hoje nos mostra o valor do sinal da cruz. É o sinal da salvação. A Cruz fala a Deus de uma forma especial, apresenta tudo o que Nosso Senhor sofreu por nós. A Cruz é também um símbolo de penitência, reparação, sacrifício, etc. A Cruz coroou a vida de Nosso Senhor, que foi totalmente gasta na humildade, no desapego, no desprezo pelos prazeres terrenos e na expiação dos nossos pecados. Além disso, a cruz fala às nossas almas, como um sinal sagrado, como uma bandeira eloquente. Tornou-se o sinal do cristão. Indica o caráter de nossa vida. Estamos cruzados, somos marcados pela luta e pelo sacrifício. Uma obra não é verdadeiramente cristã se não estiver marcada pela cruz. Nossas ações serão sagradas se tiverem o sinal da Cruz – o espírito de humildade, penitência e reparação. Nossas iniciativas serão abençoadas por Deus se forem marcadas pela cruz e, se necessário, será o próprio Deus quem as marcará com alguma provação, a fim de alinhá-las à Sua santa Vontade.
Caros amigos em Cristo, na festa de hoje, ao recordar a essência da nossa vacinação espiritual recebida através da Cruz e da ressurreição de Cristo, deixo-vos com um excerto de um ‘discurso’ de Santo André de Creta, que se reflete no ofício das leituras de hoje:
“Se não houvesse a cruz, Cristo não seria crucificado. Se não houvesse a cruz, a vida não seria pregada ao lenho com cravos. Se a vida não tivesse sido cravada, não brotariam do lado as fontes da imortalidade, o sangue e a água, que lavam o mundo. Não teria sido rasgado o documento do pecado, não teríamos sido declarados livres, não teríamos provado da árvore da vida, não se teria aberto o paraíso. Se não houvesse a cruz, a morte não teria sido vencida e não teria sido derrotado o inferno. É, portanto, grande e preciosa a cruz. Grande sim, porque por ela grandes bens se tornaram realidade; e tanto maiores quanto, pelos milagres e sofrimentos de Cristo, mais excelentes quinhões serão distribuídos. Preciosa também porque a cruz é paixão e vitória de Deus: paixão, pela morte voluntária nesta mesma paixão; e vitória porque o diabo é ferido e com ele a morte é vencida. Assim, arrebentadas as prisões dos infernos, a cruz também se tornou a comum salvação de todo o mundo.”
“Nós te adoramos, ó Cristo, te bendizemos Porque pela tua Santa Cruz remistes o mundo.”
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paroquia Nossa Senhora de Fatima, Vila Sabrina, São Paulo, Brazil
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