O CONVITE PARA PARTILHAR NA PAIXÃO DE JESUS COMO SUA MÃE SANTÍSSIMA
Primeira leitura: Hebreus 5,7-9
Salmo responsorial: Ps. 30 (31): 2-6,15-16,20
Leitura do Evangelho: João 19,25-27
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É verdade que vivemos numa época em que a compaixão é colossalmente ausente. O memorial de hoje (de Nossa Senhora das Dores) nos ensina a compaixão verdadeira e consistente. Hoje, somos chamados a adorar a Cristo, o Salvador do mundo que chamou a Sua Mãe para partilhar na sua paixão (‘com-paixão’); ela, assim, torna-se um exemplo para todos nós, como quem sofre com Jesus. O Papa Bento XVI resumiu o sentimento do memorial de hoje: “Hoje, enquanto celebramos o memorial de Nossa Senhora das Dores, contemplamos Maria, que compartilha da compaixão do Filho pelos pecadores”. Como afirma São Bernardo, ‘a Mãe de Cristo entrou na Paixão do Filho por sua compaixão.’ Isso é o que está ilustrado nas leituras de hoje.
A primeira leitura da carta aos Hebreus mostra-nos os sentimentos de Jesus na sua paixão: “Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte (…) Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu…” Esta paixão de Jesus ficou gravada no coração de sua mãe. Os gritos e as lágrimas de seu Filho a fizeram sofrer de forma atroz, mas ao mesmo tempo ela aderiu à piedade de Jesus, submetendo-se, como Ele, à Vontade do Pai. Isso é o que vemos no evangelho de hoje. Aqui, Maria chora diante do corpo torturado de seu Filho aos pés da Cruz, compartilhando sua paixão, conforme retratado na leitura do evangelho de hoje. Este breve texto está no centro do relato da “Apresentação de Jesus ao templo.” Em outras palavras, a leitura do Evangelho de hoje torna-se o cumprimento da profecia de Simeão: “e uma espada te traspassará a própria alma…” (cf. Lc 2,35) como resultado da tortura infligida ao seu Filho Inocente, nascido dela carne. A “espada” que atravessa a sua alma e atinge o coração, anuncia os sofrimentos e as dores que Maria partilha com o seu Filho.
Por tudo isso, a compaixão de Maria é verdadeira: ela compartilhou o sofrimento de seu Filho e aceitou, com Ele, a Vontade do Pai, numa atitude de obediência que supera o sofrimento. Esta é uma lição forte para nós, que, na maior parte do tempo, possuímos compaixão superficial. Precisamos ter a fé de Maria para mostrar a verdadeira compaixão pelos sofrimentos sofridos por nosso Senhor pela humanidade, e também estender essa compaixão aos nossos irmãos mais necessitados. As leituras de hoje devem nos fazer pensar no sofrimento, que continua a ser uma realidade na história individual e coletiva da humanidade. Caros amigos em Cristo, como é importante para nós aprender de Maria! Em meio às dificuldades, dores e angústias da vida, é pertinente ver além das dores com um olhar de fidelidade e confiança no Senhor, como fez Maria. Além disso, qual foi a atitude de Maria em relação à dor e ao sofrimento? Ela permaneceu firme até o fim. Ao compartilhar a paixão de seu Filho, ela sabia que os sofrimentos de seu Filho trariam a redenção do mundo. Em outras palavras, podemos dizer que no coração da Bem-aventurada Virgem Maria havia dor e, ao mesmo tempo, alegria. Dor, porque seu único tesouro foi submetido a uma morte vergonhosa na cruz pela crueldade e injustiça dos homens. Alegria, porque sabia que era para a redenção da humanidade e com a certeza de que seu Filho ressuscitaria como havia prometido.
Neste dia, portanto, convido-nos a olhar para Nossa Senhora das Dores e a aprender dela para permanecermos fiéis a Deus perante as nossas cruzes quotidianas, com um olhar de fé e esperança nas promessas de Deus. A dor muitas vezes nos torna mais fortes, maduros; assim, preparando-nos para o futuro. Nossa lição de hoje é imitar a fé de nossa Bem-aventurada Mãe Maria, que foi fiel até o fim, mesmo em meio às dores e sofrimentos; assim como a carta aos Hebreus nos pede que imitemos a fé de nossos “anciãos na fé” que falaram a Palavra de Deus para nós (cf. Hb 13,7). Esta é uma maneira segura de herdar a vida eterna. Assim, quando nos encontrarmos nessas situações desafiadoras, que nossas orações sejam como o salmista de hoje: “Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus! Senhor, eu ponho em vós minha esperança; que eu não fique envergonhado eternamente!”
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paroquia Nossa Senhora de Fatima, Vila Sabrina, São Paulo, Brazil
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