Ó ‘DÚVIDA NECESSÁRIA’ DE SÃO TOMÉ!
Primeira Leitura: Efésios 2,19-22
Salmo Responsorial: Sl. 116(117),1-2
Leitura do Evangelho: João 20,24-29
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A dúvida, muitas vezes vista de forma negativa, possui um valor intrínseco que pode ser explorado por meio de perspectivas filosóficas e teológicas. Algumas escolas filosóficas defendem o questionamento de todo conhecimento obtido por meio dos sentidos, enfatizando a dúvida como aspecto crucial na busca do conhecimento. Em um contexto teológico, a Sagrada Escritura retrata instâncias em que Deus tolera a dúvida e a utiliza como meio para que os indivíduos alcancem o conhecimento. Isso está de acordo com o provérbio persa que afirma que “a dúvida é a chave do conhecimento”. Portanto, a dúvida precede a aquisição do conhecimento e, no âmbito do cristianismo, a dúvida pode preceder a fé. É através do exemplo de São Tomé, o Apóstolo, que testemunhamos a dúvida se envolvendo com a fé, levando finalmente à sua profunda profissão de fé em Cristo como “meu Senhor e meu Deus”. Este encontro serve de fundamento à nossa fé, destacando o papel indispensável da dúvida.
Ao comemorarmos a festa de São Tomé, ela nos leva a avaliar e reafirmar nossa fé em Jesus Cristo. São Gregório Magno afirma que a dúvida de Tomé foi fundamental para fortalecer nossa fé. Por meio da dúvida de Tomé e dos subsequentes encontros com Jesus, nossas próprias mentes são libertadas da dúvida, permitindo-nos estabelecer-nos firmemente na fé. O Evangelho de São João, apresentado hoje, convida-nos a embarcar num caminho que conduz a uma experiência enriquecedora de fé em Jesus Ressuscitado. Jesus envolve Tomé num processo que atravessa a dúvida, conduzindo-o a um ato de fé definitivo, convidando-o a tocar fisicamente as suas chagas. Tomé, obediente à instrução de Jesus, chega a um ponto de convicção inabalável e exclama: “Meu Senhor e meu Deus!” A bem-aventurança proclamada por Jesus, “Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”, dirige-se a nós que, através de um caminho de fé e entrega total, chegamos a um encontro profundo com Cristo ressuscitado. A primeira leitura enfatiza que, por meio desse encontro, nos tornamos “cidadãos como todos os santos e membros da família de Deus”. Em essência, nossas dúvidas envolvendo nossa fé nos permitem nos tornar partes integrantes de um edifício espiritual, com os apóstolos, profetas e o próprio Cristo como nossos alicerces.
Queridos amigos em Cristo, a dúvida tem significado porque nos incita a desafiar o ‘status quo,’ confrontar e vencer nossos medos, reavaliar nossas crenças para abraçar convicções mais profundas, refletir sobre nossas narrativas pessoais buscando vislumbres de esperança, fazer novas perguntas e buscar novos respostas. Da mesma forma, a resposta de Tomé à dúvida surgiu de sua vontade de contemplar as chagas e o Sagrado Coração de Jesus, levando a sua profunda expressão de fé como “Meu Senhor e meu Deus!” Que nossa contemplação do símbolo mais pungente do amor de nosso Salvador nos inspire a cultivar uma fé resoluta, inabalável, robusta e evangelística. Acima de tudo, reconheçamos que Tomé, apesar de suas dúvidas, tomou uma decisão consciente de passar da dúvida à fé, do ceticismo à confiança e do medo ao corajoso compromisso do martírio pelas crenças que havia abraçado.
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Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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Já rezaste o teu terço hoje?