SEGUINDO OS EXEMPLOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA, TAMBÉM SEREMOS ASSUMIDOS (CORPO E ALMA) AO CÉU
(Um ensinamento bíblico sobre a Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria)
Primeira Leitura: Apocalipse 11:19,12:1-6,10
Salmo Responsorial: Salmo 44(45):10-12,16
Segunda Leitura: 1 Coríntios 15:20-26
Evangelho: Lucas 1:39-56
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A Assunção é a maior solenidade da Bem-Aventurada Virgem Maria; é a celebração de sua solene entrada na glória do céu. É a sua recompensa eterna por permanecer perpetuamente virgem, por ser a Imaculada Mãe de Deus, pelo ‘Sim’ que deu em resposta ao projeto de salvação de Deus e por colaborar consequentemente como uma fiel discípula de Cristo, seu Filho, até o fim. Como um rio que, após uma longa jornada, deságua no mar; hoje, a Bem-Aventurada Virgem Maria flui para a glória do céu: transfigurada no Espírito Santo, derramada por Cristo, ela está na glória do Pai! Isso é o que comemoramos hoje – a Assunção.
A fim de compreender o profundo significado do que celebramos hoje, é pertinente reconhecer que o termo “assunção” origina-se da etimologia latina “assumptio”, denotando o ato de ser elevado ou levado para cima. De acordo com os ensinamentos de São Paulo, é dito em 1 Tessalonicenses 4:17 que os crentes serão “assumidos” ou “levados para cima” às nuvens para encontrar Jesus no último dia. Portanto, é imperativo distinguir o conceito da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria de suas conotações coloquiais associadas à frase “assumir” ou “assumindo”, entre outras, que também se referem ao ato de se comportar como se uma determinada proposição fosse verdadeira, mesmo na ausência de qualquer evidência comprovante. A falha em ampliar nossa compreensão além dessa perspectiva limitada resultaria em uma incapacidade de compreender a essência subjacente.
Quando falamos da assunção de Maria, nos referimos à crença de que ela foi “levada” por Deus para habitar com seu amado Filho, Jesus Cristo, no céu. Isso dá valor à vida após a morte daqueles que acreditam em Deus e em Seu único Filho, nosso Senhor Jesus Cristo; em outras palavras, uma festa que nos lembra que, se permanecermos fiéis até o fim, seremos “levados” às nuvens para encontrar o Senhor no último dia (cf. 1Ts 4:17). Isso se torna mais significativo quando consideramos o texto paulino da segunda leitura de hoje: “Na verdade, porém, Cristo ressuscitou dentre os mortos como as primícias dos que dormiram. Pois assim como, por um homem veio a morte, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Assim como todos morrem em Adão, também todos serão vivificados em Cristo, mas cada um por sua ordem.” Aqui, vemos a base da graça da Assunção de Nossa Senhora precisamente na vitória de Cristo sobre a morte e sobre as principados e potestades. A serpente antiga foi colocada aos pés do Ressuscitado e não tem mais poder sobre os redimidos. Esta é a nossa fé, o centro da nossa esperança: Cristo é a causa e o modelo da nossa ressurreição. Aqueles que nascem nele pelo batismo, aqueles que nele acreditam e vivem nele, ressuscitarão com ele no último dia e, como ele, serão “levados” (assumidos) para a glória da vida eterna.
A doutrina da Assunção de Maria já é prefigurada no livro dos Salmos, especificamente no verso que diz: “SOBE, SENHOR, AO LUGAR DO TEU DESCANSO, TU E A ARCA DA TUA FORÇA…” (Salmo 132:8). A partir desta perspectiva, a Bem-Aventurada Virgem Maria pode ser entendida como a ARCA da força do Senhor. Como isso poderia ser explicado? No Antigo Testamento, Deus fez uma aliança com os israelitas no Monte Sinai por meio de Moisés. Isso é conhecido como “A Lei” contida em duas Tábuas de Pedra. Isso geralmente era guardado em uma Arca preparada para isso (cf. Êxodo 25:10-22). Em outras palavras, a Arca era o lugar de habitação da Aliança, ou seja, sua tenda. Consequentemente, no Novo Testamento, contemplamos a Bem-Aventurada Virgem Maria como a Arca da Nova Aliança, pois ela teve o privilégio de fornecer um lugar adequado para nosso Senhor Jesus Cristo (a Nova Aliança) em seu ventre (a Arca). Jesus Cristo é a Nova Aliança em sua essência. Ele incorpora tudo o que a Nova Aliança é. Na Última Ceia, o ouvimos dizer: “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da NOVA E ETERNA ALIANÇA…” (Cf. Mateus 26:27-28).
Sendo a Arca da Nova Aliança, a Bem-Aventurada Virgem Maria tem algumas semelhanças com a Arca da Antiga Aliança (que continha a Lei escrita em Tábuas de Pedra). Quando o anjo Gabriel foi enviado por Deus à Bem-Aventurada Virgem Maria, ele disse: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e o poder do Altíssimo te “cobrirá” (te envolverá com a sua sombra – cf. Lucas 1:35). O verbo “cobrir” ou “envolver” e a metáfora de uma nuvem são usados na Bíblia para representar a presença e a glória shekinah de Deus. Da mesma forma, quando a Arca da Antiga Aliança foi concluída, a nuvem do Senhor (a Glória Shekinah) cobriu a tenda de encontro, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo (cf. Êxodo 40:34-35; Números 9:18, 22). Da mesma forma, no Evangelho de hoje, quando Isabel recebeu Maria (a Arca da Nova Aliança), ela foi cheia do Espírito Santo, e o bebê em seu ventre dançou/pulou de alegria; ela exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres… Por que me é concedido que a Mãe do meu Senhor venha a mim?” (Isso é semelhante à declaração de Davi como mencionado acima); e Maria ficou com ela por 3 meses (na região montanhosa de Judá) – o mesmo caso com a Arca do Antigo Testamento conforme mencionado acima.
Em honra à sua amada e preciosa Arca, após Sua Ascensão ao céu, nosso Senhor Jesus Cristo julgou digno que Sua Mãe Bem-Aventurada fosse assumida (levada) corpo e alma ao céu; é por isso que o livro dos Salmos faz a alusão “Sobe, Senhor, ao lugar do teu descanso, tu e a Arca da tua força…” (Salmo 132:8). Neste versículo, o Salmista faz uma alusão à ascensão do Senhor ao céu (cf. Lucas 24:50-53) e subsequentemente, à da Arca da força do Senhor, que é melhor compreendida como a pessoa da Bem-Aventurada Virgem Maria. É por isso que na primeira leitura de hoje, João vê a “Arca da Aliança” na visão do céu. Nos é dito que o templo de Deus no céu foi aberto, e a Arca da Sua Aliança pôde ser vista no templo, e imediatamente, uma Mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas. Nos foi dito que ela deu à luz um filho, um Menino, destinado a governar todas as nações com uma vara de ferro. Embora esta parte das Escrituras também seja referida à “Igreja” em guerra com o dragão, como a “Mulher” que representa a Igreja; no entanto, também poderia ser feita uma alusão à Bem-Aventurada Virgem Maria aqui. Note que o texto começa com a presença da Arca da Aliança no céu e, em seguida, uma “Mulher” coroada com doze estrelas, para dar à luz um Filho destinado a governar as nações com uma vara de ferro. Agora, Maria é a Arca da Nova Aliança, ela deu à luz a Cristo, o Senhor e Governante. Ela recebeu a coroa de “glória imperecível” quando foi assumida ao céu, não é de se admirar que o salmista (no Salmo Responsorial de hoje) faça uma alusão a ela como a Rainha: “À tua direita está a rainha, com roupas de ouro” (Salmo 45:9).
Caros amigos em Cristo, a festa de hoje não é apenas para a Bem-Aventurada Virgem Maria sozinha. Primeiro de tudo, ela glorifica Cristo, o autor de nossa salvação, porque, na Assunção de Maria, a vitória sobre a morte é revelada, algo que Jesus já conquistou. Em segundo lugar, a Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria é uma preciosa antecipação de nossa ressurreição e baseia-se na Ressurreição de Cristo, que transformará nosso corpo corruptível, tornando-o semelhante ao corpo glorioso de Cristo (cf. Filipenses 3:21). A Solenidade de hoje nos enche de confiança e ilumina nossa esperança. São Josemaria Escrivá ensina: “Ainda somos peregrinos, mas nossa Mãe nos precedeu e já indica o final do caminho: ela nos incentiva a acreditar que é possível chegar lá e que chegaremos lá se formos fiéis, porque a Bem-Aventurada Virgem não é apenas nosso exemplo: ela é a Auxiliadora dos Cristãos”. Portanto, fixemos nosso olhar em Maria, já assumida ao céu! Ela é a certeza e a prova de que seus filhos terão um dia seus corpos glorificados com o glorioso Cristo. Nossa aspiração pela vida eterna se concretiza quando contemplamos a Assunção corporal da Bem-Aventurada Virgem Maria; que ela está lá em cima, que nos vê e nos olha com seus olhos ternos e reza por nós. Portanto, para nós cristãos, o céu não é mais uma esfera muito distante e desconhecida. No céu, temos a Mãe do Filho de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tornou seus filhos quando Ele disse ao discípulo amado e a todos nós: “Eis aí tua Mãe!” (João 19:26-27). Assim, o Céu está aberto para nós, seus filhos.
Acima de tudo, dada a clarificação acima, a Igreja em sua sabedoria, guiada pelo Espírito Santo, afirma que Maria foi levada ao céu – ou seja, corpo e alma. Embora o evento (história) de Maria sendo levada ao céu não esteja literalmente contido na Escritura (já que tudo não pode ser contido ali), o ensinamento permanece profundamente enraizado na Escritura, como explicado acima. Por essas razões, em 1º de novembro de 1950, o Papa Pio XII definiu a Assunção de Maria como um dogma da fé em sua constituição apostólica “Munificentissimus Deus”, dizendo: “Pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus, sempre Virgem Maria, após completar o curso de sua vida terrena, foi assumida corpo e alma à glória celestial”. Isso é chamado de Solenidade da Assunção de Maria ao céu e é celebrado todo dia 15 de agosto. É um dia santo de obrigação, e os católicos são obrigados a participar da Missa.
Que o bom Senhor continue concedendo a todos nós a graça de continuar lutando a boa luta, para que no último dia, seguindo os exemplos da Bem-Aventurada Virgem Maria, possamos ser “levados” às nuvens para encontrar nosso Senhor e receber a coroa de glória imperecível, Amém.
(CLICQUE AQUI PARA A REFLEXÃO/ HOMILIA DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A MEMÓRIA DE SÃO PIO X, PAPA)
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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Já rezaste o teu terço hoje?