REFLEXÃO/HOMILIA PARA O DÉCIMO OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM, ANO B


O NOSSO PÃO DE CADA DIA

Primeira Leitura: Êxodo 16,2-4.12-15
Salmo Responsorial: Sl 77(78),3-4.23-25.54
Segunda Leitura: Efésios 4,17.20-24
Leitura do Evangelho: João 6,24-35

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Lechem (לֶחֶם), a palavra hebraica para pão, aparece frequentemente na Bíblia Hebraica, mostrando sua importância como alimento básico e símbolo de sustento na cultura e tradição judaicas. O pão é parte fundamental da dieta diária e é frequentemente chamado de “bastão da vida”. O processo de fazer pão, desde a colheita do grão até o cozimento, é imbuído de tradição e ritual. Isso é evidente em práticas como a bênção sobre o pão (“Hamotzi lechem min haaretz”) durante as refeições, especialmente no Shabat e feriados. No pensamento judaico, o pão simboliza a provisão de Deus, como ilustrado nas leituras deste domingo, reforçando a crença no cuidado diário de Deus por Seu povo. Compartilhar o pão também é um ato fundamental de hospitalidade e caridade na cultura judaica, refletindo a importância de alimentar os famintos e prover para os necessitados—um tema recorrente na ética judaica. A reflexão deste domingo tem como tema “O Nosso Pão de Cada Dia”, que pode ser traduzido para o hebraico bíblico como לֶחֶם חֻקֵּנוּ (lechem chukenu). Esta tradução captura o sentido de provisão e sustento diários, refletindo a dependência de Deus para as necessidades diárias, como visto na Oração do Senhor. Assim, pão, ou לֶחֶם (lechem), não é apenas um item alimentício na cultura judaica; é um símbolo de vida, sustento e provisão divina, ocupando um lugar central nas refeições diárias, rituais religiosos e ensinamentos éticos.

Na Primeira Leitura do livro do Êxodo (16:2-4, 12-15), os israelitas, recentemente libertados da escravidão egípcia, estavam no árido deserto e começaram a duvidar de suas perspectivas de sobrevivência. Eles expressaram sua fome e nostalgia pela abundância de alimentos que tinham no Egito, dizendo: “Por que não morremos pela mão do Senhor na terra do Egito, quando nos sentávamos junto às panelas de carne e comíamos pão à vontade! Pois nos trouxestes a este deserto para matar de fome toda esta multidão!” Suas reclamações sobre a fome refletem uma luta com a fé e a confiança nas promessas de Deus. Em resposta, Deus lhes fornece maná. O termo “maná” vem da frase hebraica “מָן הוּא” (man hu), que significa “O que é isso?” porque os israelitas não o reconheceram (Êxodo 16:15). Embora inicialmente não entendessem o que era, Moisés esclareceu que era o pão (לֶחֶם, lechem) dado pelo Senhor para que comessem—”pão do céu”, que se tornou seu pão diário. Isso indica que passaram a ver o maná como seu sustento provido divinamente, equivalente ao pão em seu papel como alimento básico.

A narrativa deste evento histórico de provisão divina de pão continua no Salmo Responsorial (Salmo 77(78):3-4, 23-25, 54), louvando os feitos poderosos de Deus e Sua fidelidade ao Seu povo. O salmista relata como Deus “abriu as portas do céu” e “fez chover maná para que comessem”, destacando a natureza milagrosa dessa provisão. A descrição do maná como o “pão dos anjos” (לֶחֶם אַבִּירִים – lechem abirim), que se traduz diretamente como “pão dos poderosos”, denota sua origem divina e o cuidado especial que Deus teve em sustentar Seu povo. Este salmo reforça a mensagem de que Deus não só fornece para as necessidades físicas, mas o faz de uma forma que demonstra Seu poder e compromisso com Sua aliança. É lembrado e celebrado no Salmo 78, apontando nossas mentes para seu rico significado, onde o salmista chama a comunidade a lembrar e ensinar às gerações futuras as obras maravilhosas de Deus.

Despertar as mentes das pessoas para as obras maravilhosas de Deus—Sua provisão divina—foi o que Cristo tentou fazer através de Seu milagre da multiplicação dos pães, ocorrido anteriormente, como visto na Leitura do Evangelho deste domingo (João 6:24-35). Aqui, Jesus se dirige à multidão que o segue após o milagre da alimentação dos cinco mil. Ele os admoesta por procurarem-No não por causa dos sinais, mas porque comeram dos pães e se saciaram. Jesus então fala de um tipo diferente de sustento: “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará.” Ele se identifica como o “pão da vida”, dizendo: “Aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” O contexto social desta passagem é pertinente. A multidão, vivendo sob ocupação romana e dificuldades econômicas, estava preocupada com a sobrevivência física. Jesus usa sua necessidade física imediata para introduzir uma verdade espiritual mais profunda, paralela à provisão do maná no deserto, como visto na primeira leitura. No grego bíblico, o termo para pão, “ἄρτος” (artos), transmite tanto o sustento físico quanto, metaforicamente, o sustento espiritual. Isso é ecoado nas petições da Oração do Senhor: Cristo nos ensina a dizer “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” (Mateus 6:11). Esta súplica compreende tanto nossas necessidades materiais quanto espirituais, reconhecendo Deus como o provedor de todo sustento. O “pão diário” significa não apenas o alimento físico, mas também o sustento espiritual encontrado na Palavra de Deus e na Sagrada Eucaristia. Isso explica porque, quando a multidão pediu a Jesus que lhes desse o pão que vem do céu, Ele disse: “Eu sou o pão da vida. Aquele que vem a mim não terá fome; quem crê em mim nunca terá sede.” Isso fornece o contexto para a doutrina da Sagrada Eucaristia no Evangelho de João; pois na Eucaristia, comemos a carne e bebemos o sangue de Cristo, recebendo o verdadeiro pão do céu para nosso sustento diário, sustentando nossas vidas espirituais e nos fortificando em nossa jornada de fé.

Como os judeus na época de Cristo, que experimentavam fome e dificuldades econômicas sob o domínio romano, hoje muitos outros países estão experimentando fome real e dificuldades econômicas. Em tempos como este, voltamo-nos para Deus como os israelitas no deserto e clamamos por nosso pão diário, acreditando que Ele nos sustentará e proverá através do governo. Ao mesmo tempo, não devemos perder de vista nosso maná celestial (pão dos anjos)—o sustento espiritual encontrado na Palavra de Deus e na Eucaristia. Pois de que adianta focarmos apenas nos benefícios materiais e nos tornarmos vítimas da fome espiritual, como destacado em Amós 8:11: “Eis que vêm os dias, diz o Senhor Deus, em que enviarei fome sobre a terra; não fome de pão, nem sede de água, mas de ouvir as palavras do Senhor.” Devemos lembrar que “Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Deuteronômio 8:3, Mateus 4:4).

Queridos amigos em Cristo, como São Paulo exorta os Efésios na Segunda Leitura (Efésios 4:17, 20-24), continuemos a suprir nossas necessidades espirituais, abandonando nossos antigos hábitos pecaminosos e abraçando uma vida renovada cheia de amor, perdão e compaixão. É reconhecendo Jesus como o verdadeiro sustento de nossas almas, que nos alimenta com Seu Corpo e Sangue em cada celebração eucarística, que podemos ser espiritualmente renovados. Assim, nutridos pelo Pão do Céu e pela Palavra de Deus, somos chamados a demonstrar nossa fé em Cristo através de vidas revitalizadas pelo Espírito Santo.

Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Seminário Padre Pedro Magnone, São Paulo, Brasil
nozickcjoe@gmail.com / fadacjay@gmail.com

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Chinaka Justin Mbaeri

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FR. Alfred Guda
FR. Alfred Guda
3 months ago

Can it be in English I really cant understand latin or Greek languages

Chinaka Justin Mbaeri
Chinaka Justin Mbaeri
3 months ago

Kindly check the site. There’s an English version

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