A REVELAÇÃO DIVINA É PARA OS SIMPLES – OS MANSOS E HUMILDES DE CORAÇÃO
Primeira Leitura: Êxodo 3,1-6;9-12
Salmo Responsorial (Sl) 102(103),1-4;6-7
Leitura do Evangelho: Mateus 11,25-27
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Ao longo do tecido da história humana, o Divino escolheu revelar-se de maneiras extraordinárias. Interessantemente, essas revelações sagradas frequentemente foram concedidas a indivíduos simples – os humildes e mansos – em vez de figuras cultas e orgulhosas. A sagrada escritura está repleta de exemplos da escolha de Deus em revelar verdades profundas àqueles que se aproximam com simplicidade de coração e humildade de espírito. Além disso, fora das páginas da Bíblia, encontramos inúmeras instâncias de revelações celestiais concedidas a almas humildes e despretensiosas, sem títulos teológicos ou pedigrees acadêmicos. Desde as visões de Santa Maria Alacoque, as revelações à Irmã Maria Faustina, até as aparições marianas em Fátima, Lourdes, Guadalupe e além, o óbvio não pode ser negado – os beneficiários dessas visões eram almas simples e humildes. Hoje, a Igreja nos chama, por meio das leituras litúrgicas, a refletir sobre a profunda verdade de que a revelação divina é um presente concedido aos mansos e humildes, transcendendo as fronteiras do intelecto e das conquistas educacionais.
A Primeira Leitura de Êxodo (3,1-6;9-12) nos transporta para o solo sagrado de Horeb, onde Moisés, um pastor cuidando de seu rebanho, encontrou o arbusto ardente e ouviu a voz de Deus. Nesse encontro, testemunhamos o divino escolhendo um homem comum, simples e desprovido de eloquência, para liderar os israelitas para fora da escravidão. A revelação de Deus não veio a um erudito renomado ou a um orador habilidoso, mas a um humilde e manso pastor, demonstrando que os méritos intelectuais não são pré-requisitos para encontros divinos. A história de Moisés nos ensina que a revelação divina busca os corações humildes e mansos, convidando-nos a abraçar nossas limitações e confiar na providência do Altíssimo.
Ao nos voltarmos para o Salmo Responsorial, especificamente Sl 102(103),1-4;6-7, os versículos líricos ressoam com uma melodia de louvor e gratidão pela misericórdia e compaixão ilimitadas de Deus. O salmista declara que Deus “perdoa todas as tuas iniquidades, cura todas as tuas enfermidades” e “resgata a tua vida do abismo”. Aqui, encontramos consolo e segurança de que a revelação divina estende seu toque terno aos quebrantados, feridos e contritos de coração. São os mansos e humildes que, em seu reconhecimento da necessidade da graça divina, se abrem para receber o poder transformador da revelação de Deus. O salmo nos lembra que, em nossa vulnerabilidade e humildade, encontramos cura, perdão e restauração.
Descendo ao Evangelho de Mateus (11,25-27), Jesus profere palavras que ressoam profundamente com o tema da revelação divina para os mansos e humildes. Jesus exclama: “Eu vos louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.” Essas palavras profundas revelam uma verdade divina: o intelecto e as conquistas acadêmicas não garantem um caminho exclusivo para o conhecimento divino. Ao contrário, é a simplicidade, inocência e humildade de um coração de criança que se torna solo fértil para as sementes da revelação divina germinarem e florescerem. Jesus mesmo escolheu pescadores e cobradores de impostos sem educação como seus discípulos, demonstrando que a sabedoria aos olhos de Deus frequentemente se opõe à sabedoria humana. A verdadeira sabedoria reside em reconhecer nosso conhecimento limitado e render nosso intelecto ao Divino, confiando que os mistérios do universo são destinados a serem descobertos com o coração.
Caros amigos em Cristo, as leituras enfatizam que o verdadeiro conhecimento de Deus transcende as habilidades intelectuais e as conquistas educacionais. É em nossa humildade e mansidão que criamos espaço para a revelação divina tocar nossas vidas e nos transformar. Reconheçamos que a busca intelectual deve ser complementada por uma disposição humilde, permitindo que a sabedoria de Deus ultrapasse os limites do entendimento humano. Além disso, a revelação divina muitas vezes alcança aqueles que reconhecem sua fragilidade e vulnerabilidade. É em nosso reconhecimento da necessidade da misericórdia e cura de Deus que nos tornamos receptivos ao poder transformador da revelação divina. Aproximemo-nos de Deus com corações contritos, rendendo nossas fraquezas e convidando a graça divina para nos guiar em nossa jornada. Devemos também ter em mente que a fé infantil, caracterizada pela inocência, confiança e admiração, abre a porta para a revelação divina. Somos lembrados de nos aproximarmos dos mistérios divinos com admiração e receptividade, despidos das complexidades do intelectualismo. Cultivemos uma disposição infantil, dispostos a nos maravilhar e sermos cativados pela presença divina em nossas vidas.
Acima de tudo, nos encontros de Moisés com o arbusto ardente, nos louvores do salmista e nas palavras de gratidão de Jesus, discernimos a profunda verdade de que “a Revelação Divina é para os corações mansos e humildes”. Ao longo da história, o Divino escolheu a simplicidade em vez da complexidade e a humildade em vez do orgulho ao revelar seus mistérios. Enquanto caminhamos em nossa jornada espiritual, cultivemos humildade, abracemos simplicidade e busquemos a sabedoria de um coração infantil. Ao fazer isso, nos posicionamos para sermos vasos da revelação divina e receptores das verdades profundas que nos guiam em nossa jornada em direção à iluminação espiritual.
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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Já rezaste o teu terço hoje?