ABRAÇANDO A TRANSFORMAÇÃO, A JUSTIÇA E RECONCILIAÇÃO EM NOSSA JORNADA DE FÉ
Primeira Leitura: 2 Coríntios 3,15-4,1,3-6
Salmo Responsorial: Sl. 84(85),9-14
Leitura do Evangelho: Mateus 5,20-26
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Os cinco discursos de Cristo no evangelho de Mateus foram pensados a possuir o caráter doutrinário. Isso é porque o Pentateuco tem cinco livros, e esses livros correspondem aos cinco discursos de Cristo no evangelho de Mateus. Assim como Moisés recebeu a Lei de Deus no Monte Sinai e ensina o povo, também Cristo interpreta e ensina a Lei em cinco discursos a partir do “Sermão da Montanha”. Assim, a comunidade de Mateus compreende Cristo como o Novo Moisés; aquele que tem autoridade exclusiva para interpretar e cumprir a Lei (“Não penseis que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” – Mt. 5,17). Proferindo o seu Sermão da Montanha (o primeiro dos seus discursos, cf. Mateus capítulos 5 – 7), Jesus (o novo Moisés, melhor ainda, aquele que é maior do que Moisés) anuncia o Reino de Deus e as suas exigências, oferecendo-nos profundas visões sobre a natureza de nosso relacionamento com Deus e uns com os outros. Juntamente com a primeira leitura e o evangelho, passamos a ver temas de transformação, retidão e reconciliação.
Como intérprete autêntico da Lei, Jesus recorda a Lei Antiga tal como se vê na leitura do Evangelho de hoje: “Aprendestes como foi dito aos nossos antepassados: Não matarás; e se alguém matar, deve responder perante o tribunal. Depois disso, Ele interpreta com autoridade, dizendo: “Mas eu vos digo…” Dessa forma, Ele não apenas fala contra matar, mas também contra as ocasiões e circunstâncias que podem levar alguém a matar seu próximo – raiva, linguagem obscena, etc. Os fariseus que eram notados como os intérpretes e mestres da Lei Judaica paravam no “não matarás” devido à sua incapacidade de compreendê-lo claramente como se enfrentassem uma “cegueira espiritual”; porém, para Cristo, não basta evitar matar outro homem, mas também evitar situações que ofendam e prejudiquem os outros. Não é de admirar que Cristo diga: ‘Se a vossa justiça não for maior do que a dos escribas e fariseus, não entrareis no reino dos céus.’ Consequentemente, Jesus destaca a importância da reconciliação e do perdão em nossos relacionamentos. Ele nos lembra que a reconciliação com os outros tem precedência sobre os rituais religiosos. Nossa adoração e devoção a Deus devem ser acompanhadas por um esforço sincero de reconciliação com aqueles a quem prejudicamos ou que nos prejudicaram. A verdadeira justiça é vivida em nossas ações e atitudes para com os outros. Da mesma forma, São Paulo na segunda leitura, aborda o poder transformador da mensagem do evangelho. A referência ao véu que cobre o coração das pessoas sugere uma cegueira espiritual ou incapacidade de compreender a mensagem de Deus. Isso implica que existem barreiras que impedem alguns indivíduos de compreender plenamente a verdade e o significado do evangelho. Paulo enfatiza que é por meio do Espírito que somos transformados e renovados, passando das trevas para a luz, da cegueira espiritual para ver a glória de Deus na face de Cristo. Essa transformação não é algo que podemos alcançar por conta própria, mas é uma obra da graça de Deus em nós. Chama-nos a abrir os nossos corações ao poder transformador do Espírito e a permitir que Ele nos molde à imagem de Cristo. Dessa forma, passamos a nos aprofundar na virtude e a viver além do estilo de vida farisaico superficial de aderir apenas às letras.
Queridos amigos em Cristo, as leituras de hoje nos lembram que nossa fé não é simplesmente um conjunto de regras e rituais a serem seguidos. É uma jornada transformadora, guiada pelo Espírito, que nos leva a abraçar a justiça de Deus e a viver em reconciliação uns com os outros. Somos chamados a ser agentes de transformação, estendendo o perdão e buscando a reconciliação com aqueles que nos rodeiam. Nossa busca de justiça deve ser marcada por amor genuíno, misericórdia e disposição para reparar relacionamentos rompidos. Refletindo sobre essas leituras, perguntemo-nos: como o Espírito está nos transformando? Estamos buscando a justiça de Deus e permitindo que ela guie nossas ações e atitudes? Estamos cooperando ativamente com o Espírito para nos ajudar a eliminar nossa cegueira espiritual? Que o Espírito Santo nos capacite a abraçar a transformação, buscar a justiça de Deus e promover a reconciliação em nossas vidas. Lembremo-nos de que é por meio de nossas vidas transformadas que nos tornamos faróis de luz e testemunhas do amor e da misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Este é realmente o tipo de virtude mais profunda que Cristo exige de nós hoje.
(CLIQUE AQUI PARA VER A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS)
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo.
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PS: Você já rezou o seu terço hoje?