SÃO BOAVENTURA E DISCIPULADO DESTEMIDO
Primeira Leitura: Gênesis 49,29-33;50,15-26
Salmo Responsorial: Sl. 104(105),1-4,6-7
Leitura do Evangelho: Mateus 10,24-33
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Nas sagradas galerias da história, há certas figuras cujas vidas reluzem como estrelas no céu noturno, cativando nossos corações e mentes com seu brilho. Hoje, estamos maravilhados diante de uma figura imponente, um homem cuja sabedoria e perspicácia ecoam através dos tempos – São Boaventura, bispo, teólogo e doutor da Igreja. Ao mergulharmos nas profundezas de seu legado, as leituras litúrgicas diante de nós desvelam uma tapeçaria tecida com fios enigmáticos, convidando-nos a uma discipulado destemido – embarcando em uma jornada de fé, coragem e confiança inabalável diante da adversidade.
A Primeira Leitura do Livro do Gênesis (49,29-33;50,15-26) nos convida a testemunhar os capítulos finais da extraordinária história de José. Após a morte de seu pai Jacó, os irmãos de José ficam temerosos de que ele possa buscar vingança por sua traição passada. Eles se aproximam de José, suplicando por perdão e expressando o medo de sua possível ira. No entanto, José os tranquiliza, dizendo: “Não tenhais medo! Acaso, estou eu no lugar de Deus? Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem.” Neste trecho, José reconhece os medos e preocupações de seus irmãos, mas os encoraja a não terem medo. Ele demonstra uma confiança profunda no plano providencial de Deus, reconhecendo que o que seus irmãos pretendiam para o mal, Deus usou para um propósito maior. As palavras de José refletem uma fé que transcende o medo, uma crença de que a soberania de Deus e sua bondade suprema podem superar qualquer malícia humana. A certeza de José a seus irmãos ecoa o tema mais amplo da Bíblia de não sucumbir ao medo diante da adversidade. Assim como o perdão de José e sua confiança no plano de Deus trouxeram reconciliação e cura, também São Boaventura, por meio de seus escritos e ensinamentos, propagou uma mensagem de misericórdia e reconciliação. Portanto, somos chamados a superar nossos medos como discípulos fiéis, a estender o perdão e depositar nossa confiança nas mãos amorosas de nosso Pai Celestial.
A Leitura do Evangelho de Mateus (10,24-33) ressoa como um chamado claro para um discipulado destemido. Jesus, o Mestre e Educador, insta Seus seguidores a descartarem seus medos, sabendo que seu valor e importância superam as medidas terrenas. Ele os implora a abraçar a missão confiada a eles, mesmo diante da perseguição e oposição. Esta mensagem ecoa profundamente na vida e nos ensinamentos de São Boaventura, que se dedicou à busca da sabedoria e ao poder transformador do amor divino. Por meio de seus escritos e exemplo, ele nos lembra que um discipulado destemido brota de uma confiança inabalável na providência de Deus e de uma disposição para nos entregarmos completamente à Sua vontade.
A vida de São Boaventura serve como um testemunho resplandecente do poder de um discipulado destemido. Nascido Giovanni di Fidanza, ele trilhou um caminho de iluminação espiritual, abraçando o modo de vida franciscano e tornando-se um renomado teólogo e místico. Seus profundos escritos, como “O Itinenário da Mente para Deus” e “Jornada da Alma a Deus”, iluminam o caminho da união com o Divino, inspirando gerações de buscadores a perseguir um relacionamento íntimo com Deus. Por meio de sua vida e legado, São Boaventura nos ensina que um discipulado destemido requer uma confiança inabalável na providência de Deus. Isso implica em entregar nossos medos e inseguranças aos pés Daquele que sustenta nossas vidas em Suas mãos amorosas. Assim como ele explorou as profundezas da oração contemplativa e abraçou a sabedoria do amor divino, também somos chamados a embarcar em uma jornada de comunhão íntima com Deus. À luz do exemplo de São Boaventura, vamos deixar de lado os grilhões do medo que impedem nosso discipulado. Fixemos nosso olhar no amor inabalável e na orientação de nosso Pai Celestial, confiando que Ele nos sustentará em todas as circunstâncias. Assim como São Boaventura, vamos abraçar uma vida de oração profunda, buscando união com o Divino e permitindo que Seu amor transformador flua por meio de nós. No discipulado destemido, podemos nos tornar faróis de esperança e instrumentos da paz de Deus em um mundo que anseia por consolo e cura.
Hoje, ao honrarmos a vida e o legado de São Boaventura, encarnemos o espírito de um discipulado destemido. Atendamos ao chamado de confiar na providência de Deus com uma fé inabalável, sabendo que Ele caminha conosco em cada prova e tribulação. Assim como José, estendamos o perdão e a reconciliação àqueles que nos prejudicaram, liberando o domínio do medo e abraçando o poder transformador do amor. E, assim como São Boaventura, que nossas vidas sejam testemunhos da confiança profunda e inabalável que depositamos em nosso Pai Celestial, guiando-nos em um caminho de santidade e união com o Divino.
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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Já rezaste o teu terço hoje?