ABRAÇANDO A ADVERSIDADE: CULTIVANDO AMOR, FÉ E PACIÊNCIA EM TEMPOS DESAFIANTES
Primeira Leitura: 2 Coríntios 6,1-10
Salmo Responsorial: Sl. 97(98),1-4
Leitura do Evangelho: Mateus 5,38-42
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A vida é uma jornada imprevisível, cheia de altos e baixos, triunfos e provações. A adversidade, em suas várias formas, pode testar nossa resiliência, desafiar nosso espírito e nos deixar sobrecarregados. No entanto, nas profundezas da dificuldade, encontra-se uma incrível oportunidade de crescimento e transformação. É nesses tempos desafiadores que temos a chance de cultivar virtudes profundas: o amor, a fé e a paciência. Quando escolhemos abraçar a adversidade com esses princípios orientadores, abrimos um caminho para uma maior compreensão, desenvolvimento pessoal e um profundo senso de força interior. Responder à adversidade com amor, fé e paciência é uma abordagem profunda e transformadora que pode ter um impacto profundo em nossas vidas e relacionamentos. Diante de circunstâncias ou desafios difíceis, é natural sentir uma série de emoções, como medo, raiva ou frustração. No entanto, escolher responder com amor, fé e paciência pode levar a uma maior compreensão, crescimento e resultados positivos. Esta lição é o que se reflete nas leituras de hoje.
A partir da primeira leitura (2 Coríntios 6,1-10), ouvimos o apelo de Paulo aos coríntios para que recebam a graça de Deus e não a desperdicem. Ele os encoraja a suportar dificuldades e desafios por causa do evangelho e a permanecer firmes em sua fé, enfatizando a ideia de perseverar em circunstâncias difíceis. Da mesma forma, na leitura do Evangelho segundo Mateus (5,38-42), ouvimos uma parte do Sermão da Montanha de Jesus, onde Ele ensina sobre não retaliação e amar os inimigos. Nesta passagem, Jesus desafia a sabedoria convencional de “olho por olho” e encoraja Seus seguidores a responder ao mal ou dano com amor e perdão. Ele fala sobre dar a outra face, ir além e doar aos necessitados, destacando a importância de responder à adversidade com um espírito de compaixão e graça. Pode nos interessar notar que a ideia de oferecer a outra face quando esbofeteada pode ser facilmente mal interpretada e pode perder seu significado no enfrentamento das adversidades. Como podemos entendê-lo melhor?
Normalmente, se alguém o confronta com um tapa, esse tapa deve cair em sua bochecha esquerda, especialmente se a pessoa for destra. Jesus também viveu em uma cultura destra, onde as mãos esquerdas eram reservadas apenas para tarefas impuras. Portanto, entende-se que a pessoa que está batendo usaria a mão direita, e a única maneira de atingir alguém na bochecha direita com a mão direita é um tapa com as costas da mão. Em outras palavras, exigiria golpear com as costas da mão e, de acordo com o conceito judaico, inflige mais insulto do que dor. Era uma maneira normal de repreender alguém sobre quem você tinha poder (por exemplo, mestres para escravos, romanos para judeus). Golpear seu igual dessa maneira era social e legalmente inaceitável, acarretando uma multa enorme. Golpear um igual deve ser um golpe direto, não um tapa com as costas da mão, caso contrário, seria considerado ofensivo. Com essa nova compreensão do contexto em que Jesus estava falando, imagine o cenário consigo mesmo como o opressor. Você é uma pessoa rica e poderosa cujo escravo o desagradou de alguma forma. Você repreende seu escravo com um tapa com as costas da mão. A resposta que você espera é que o escravo se acovarde, se submeta e fuja. Em vez disso, seu escravo desafiadoramente vira a outra face e desafia você a acertá-lo novamente. O que você pode fazer? Você gostaria de dar outro tapa com as costas da mão em seu escravo para mostrar a ele o lugar deles, mas para fazer isso você teria que usar sua mão esquerda, o que admitiria que sua ação é impura por causa do uso da mão esquerda. Outra opção é usar a mão direita e acertá-los diretamente na bochecha esquerda (não com as costas da mão), mas seria embaraçoso acertar seu escravo da maneira que deveria acertar seu igual. Você está confuso. Você não sabe o que fazer. Afobado, você poderia ordenar que o escravo fosse açoitado, mas o escravo já fez o seu ponto. Eles mostraram a você que são uma pessoa humana com dignidade e valor. Você não os possui, não pode controlá-los e eles não se submetem ao seu governo. E assim, a instrução de Jesus para não resistir ao mal e dar a outra face se transforma de uma instrução para aceitar a injustiça em um desafio para resistir aos sistemas de dominação e opressão sem o uso da violência, mas respondendo com amor e paciência. Em vez de ignorar uma situação maligna e esperar que ela desapareça, Jesus está dizendo a seus seguidores que encontrem maneiras criativas, ativas e não violentas de afirmar sua humanidade e o amor de Deus no mundo.
Queridos amigos em Cristo, Responder à adversidade com amor, fé e paciência nem sempre é fácil. Requer esforço intencional, auto-reflexão e disposição para abandonar as respostas movidas pelo ego. No entanto, ao abraçar essas virtudes, podemos transformar a adversidade em uma oportunidade de crescimento pessoal, conexões mais profundas e desenvolvimento espiritual. Isso nos permite superar nossas circunstâncias e cultivar uma mentalidade enraizada na compaixão, resiliência e paz interior. Em última análise, responder à adversidade com amor, fé e paciência nos permite enfrentar os desafios da vida com graça e emergir como indivíduos mais fortes, sábios e compassivos. As leituras de hoje apresentam uma poderosa mensagem de força e esperança. Eles nos lembram que nossa jornada de fé não é isenta de desafios, mas com a graça de Deus, podemos superar obstáculos e encontrar alegria em meio às provações. Somos encorajados a perseverar, sabendo que as lutas que enfrentamos não são em vão, mas sim uma oportunidade de crescimento e amadurecimento espiritual. À medida que navegamos em nossas próprias batalhas pessoais e nos esforçamos para causar um impacto positivo no mundo ao nosso redor, levemos a sério as lições transmitidas nessas leituras. Aproveitemos o dia, abraçando a graça de Deus e o poder do Seu amor. Ao fazer isso, nos tornamos testemunhos vivos do poder transformador da fé, irradiando a luz de Cristo para um mundo que precisa dela desesperadamente. Sejamos inspirados a viver esses ensinamentos, a perseverar nos desafios e a incorporar o amor e a misericórdia de nosso Criador. Juntos, vamos embarcar em uma jornada de resiliência e crescimento, enquanto aprendemos a enfrentar os desafios da vida com graça e emergimos vitoriosos do outro lado.
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo.
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PS: Você já rezou o seu terço hoje?