MISERICÓRDIA SOBRE O SACRIFÍCIO
Primeira Leitura: Êxodo 11,10-12,14
Salmo Responsorial: Sl. 115(116):12-13,15-18
Leitura do Evangelho: Mateus 12:1-8
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Em um mundo repleto de complexidades e frequentemente marcado por conflitos e divisões, o chamado para refletir a misericórdia e compaixão de Deus, e não apenas oferecer sacrifícios, ressoa como um mandato profundo e transformador. No passado, a busca pela santidade e retidão muitas vezes se enredou com uma observância rígida de rituais e leis religiosas; no entanto, Jesus nos chama a uma compreensão mais profunda da verdadeira santidade – aquela que reflete a misericórdia e compaixão de Deus para com os outros. As leituras de hoje convergem para transmitir uma mensagem poderosa: somos chamados a refletir a misericórdia de Deus e não apenas oferecer sacrifícios. Esses trechos nos lembram que nossas práticas religiosas não devem se tornar rituais vazios, desprovidos de amor e compaixão, mas sim, devem fluir de um coração profundamente enraizado na misericórdia e graça de Deus.
Na Primeira Leitura de Êxodo (11:10-12:14), nos deparamos com a instituição da Páscoa, um testemunho profundo da misericórdia e compaixão de Deus. Enquanto o Anjo da Morte passou pelas casas marcadas com o sangue do cordeiro sacrificado, a misericórdia de Deus poupou os primogênitos dos israelitas, libertando-os da escravidão do Egito. A Páscoa prefigura o sacrifício supremo de Jesus, o Cordeiro de Deus, cujo sangue traz redenção e salvação eterna para todos que nele creem. Esse evento poderoso nos ensina que a misericórdia de Deus tem prioridade sobre rituais religiosos. Não é a mera aderência a regras e regulamentos que cativa o coração de Deus; ao contrário, é um coração movido por compaixão e amor por seu povo.
De maneira consonante, o Salmo Responsorial (115:116:12-13,15-18) expressa belamente a gratidão pela misericórdia de Deus, reconhecendo Sua compaixão inabalável e libertação do sofrimento. Somos chamados a espelhar essa gratidão estendendo misericórdia e compaixão aos outros. Em nossa vida cotidiana, encontramos inúmeras oportunidades de sermos portadores da misericórdia de Deus para aqueles ao nosso redor – os marginalizados, os oprimidos, os solitários e os desolados. Através de atos de bondade, compreensão e perdão, nos tornamos reflexos vivos da terna misericórdia e amor de Deus.
E na Leitura do Evangelho de Mateus (12:1-8), Jesus desafia a interpretação legalista dos fariseus sobre a lei do sábado. Ele demonstra que a misericórdia e compaixão têm um valor maior do que a observância rígida de regulamentos religiosos. Ao citar os exemplos de Davi e dos sacerdotes, Jesus revela que atos de misericórdia e compaixão estão acima da letra da lei. Como Seus seguidores, somos chamados a incorporar esse espírito compassivo, estendendo a mão aos necessitados sem julgamento ou condenação.
Caros amigos em Cristo, dentro da sociedade mais ampla, encontramos inúmeras questões onde o chamado para refletir a misericórdia de Deus e não apenas oferecer sacrifícios é primordial. Em questões de justiça social, alívio da pobreza e busca por igualdade, somos chamados a priorizar a misericórdia em vez de julgamento, a compaixão em vez de indiferença e a compreensão em vez de hostilidade. Ao defender os marginalizados, estender uma mão amiga aos menos afortunados e trabalhar por uma sociedade mais justa e inclusiva, nos tornamos agentes da misericórdia de Deus no mundo. O chamado para refletir a misericórdia de Deus e não apenas oferecer sacrifícios começa dentro da família. Dentro das complexidades da dinâmica familiar, somos instados a cultivar um ambiente de compreensão, perdão e empatia. Em tempos de conflito, em vez de buscar estar certo, devemos priorizar a reconciliação e a cura. Ao modelar a misericórdia dentro de nossas famílias, criamos uma base acolhedora para o amor e o apoio, refletindo o coração compassivo de Deus. Finalmente, dentro do espaço sagrado da Igreja e das atividades paroquiais, somos chamados a exemplificar a misericórdia e compaixão de Deus. Como uma comunidade de fé, nossas interações devem ser marcadas pelo amor, aceitação e inclusão. Seja em celebrações litúrgicas, ministérios de apoio ou encontros paroquiais, devemos promover um ambiente de cuidado genuíno uns pelos outros. Ao fazer isso, nos tornamos um farol da misericórdia de Deus e uma expressão tangível de Seu amor para o mundo.
Acima de tudo, o chamado para refletir a misericórdia de Deus e não apenas oferecer sacrifícios permeia todos os aspectos de nossas vidas. As leituras de Êxodo, Salmos e Mateus ressoam com a urgência desse mandato transformador. À medida que caminhamos pela vida, que possamos abraçar a misericórdia de Deus, estendendo-a generosamente aos outros e, assim, nos tornarmos reflexos autênticos de Seu coração compassivo. Sejamos conscientes de que nossas ações, seja na sociedade, na família ou na Igreja, falam muito sobre o Deus a quem servimos. Ao viver a misericórdia e compaixão, contribuímos para um mundo transformado pelo amor e graça, aproximando outros daquele cuja misericórdia dura para sempre.
(CLIQUE AQUI PARA A REFLEXÃO DO PRÓXIMO DIA: REFLEXÃO/HOMILIA PARA A FESTA DE SANTA MARIA MADALENA)
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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