SOMOS RESISTENTES À INTERVENÇÃO DE DEUS?
Primeira Leitura: Êxodo 2,1-15
Salmo Responsorial: Sl 68(69),3,14,30-31;33-34
Leitura do Evangelho: Mateus 11,20-24
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No complexo entrelaçamento de nossas experiências cotidianas, há momentos em que Deus intervém, oferecendo orientação, libertação e milagres ao seu povo. No entanto, em meio a esses atos de graça, encontramos a inquietante realidade da resistência – uma força que tenta se opor à intervenção divina e nos afasta do caminho do propósito divino. As leituras de hoje nos convidam coletivamente a refletir sobre as consequências de resistir à intervenção de Deus. Dentro desses textos sagrados, encontramos histórias de resistência, tanto antigas quanto atemporais, desafiando-nos a examinar as profundezas de nossos próprios corações e o poder transformador da rendição.
A primeira leitura (Êxodo 2,1-15) nos apresenta o relato do nascimento de Moisés, que se destaca como um notável exemplo de intervenção divina e resistência humana. Diante do decreto opressivo do Faraó para matar todos os bebês hebreus do sexo masculino, a mão providencial de Deus atuou através da fé e coragem dos pais de Moisés, salvando-o de um destino cruel. E no relato do encontro de Moisés com seu compatriota hebreu, testemunhamos um exemplo comovente de resistência dentro da própria comunidade. Moisés, impulsionado por uma ira justa ao testemunhar um egípcio oprimindo um hebreu, mata o opressor. No entanto, quando ele tenta mediar uma disputa entre dois hebreus no dia seguinte, sua intervenção é resistida. Em vez de reconhecer a mão de Deus nas ações de Moisés, eles questionam sua autoridade e intenções, revelando sua própria resistência à intervenção divina. Esse relato nos lembra que mesmo dentro de nossas comunidades, a resistência à intervenção de Deus pode se manifestar em ceticismo, dúvida e uma recusa em reconhecer os sinais da orientação divina. Isso nos desafia a examinar nossas próprias reações quando a mão de Deus age de maneiras inesperadas, nos instigando a abraçar a humildade e a abertura.
As palavras do salmista (Salmo 68/69,3,14,30-31;33-34) ressoam com a angústia de uma alma que resiste à intervenção de Deus. Dentro dessa lamentação poética, ouvimos o clamor de alguém sobrecarregado por aflições, ansiando por libertação e, ao mesmo tempo, lutando contra a resistência que impede uma rendição completa ao Divino. As palavras do salmista incorporam a tensão presente no coração humano, dilacerado entre o desejo de redenção e a resistência nascida de feridas e medos. Esse salmo nos convida a examinar as profundezas de nossos próprios corações e enfrentar as barreiras que impedem a aceitação da intervenção de Deus. Isso nos chama a trazer nossa resistência perante o Divino, confiando em Sua compaixão infinita para curar e transformar nossos espíritos resistentes.
E finalmente, na leitura do Evangelho (Mateus 11,20-24), nos deparamos com as cidades de Corazim e Betsaida, testemunhas dos profundos milagres e ensinamentos de Jesus. Apesar de experimentarem intervenções divinas em primeira mão, essas cidades resistiram ao poder transformador desses milagres. Seus corações permaneceram endurecidos, indiferentes à profunda revelação diante deles. A resposta de Jesus é de lamento, ao pronunciar julgamento sobre essas cidades, advertindo-as das consequências que enfrentarão por rejeitarem a intervenção divina. Essa passagem do Evangelho nos convida a refletir sobre as consequências de resistir aos milagres de Deus em nossas próprias vidas. Isso serve como um poderoso lembrete de que nossa resistência à intervenção divina pode levar a cegueira espiritual e separação da vida abundante oferecida por meio de um relacionamento com Deus. Isso nos instiga a reconhecer a urgência de abrir nossos corações ao poder transformador da intervenção divina e a importância de responder com humildade e gratidão.
Caros amigos, as leituras de hoje oferecem visões profundas sobre as consequências de resistir à intervenção de Deus. Através das histórias de Moisés, do salmista e das cidades de Corazim e Betsaida, nos deparamos com a realidade da resistência dentro de nós mesmos, de nossas comunidades e de nossos corações. Essas leituras nos desafiam a confrontar nosso ceticismo, dúvidas e feridas, e a nos render ao poder transformador da intervenção divina. Que sejamos inspirados a examinar as profundezas de nossas almas, reconhecendo nossa resistência e buscando a graça para superá-la.
Ao aprendermos com as lições da história e os avisos de julgamento, que abracemos a humildade e a abertura, permitindo que as intervenções de Deus moldem nossas vidas e nos conduzam à abundância de Seu amor. Que entreguemos nossa resistência, confiando na orientação divina que oferece libertação, cura e a realização de nossos mais profundos anseios.
Shalom!
© Pe. Chinaka Justin Mbaeri, OSJ
Paróquia Nossa Senhora de Loreto, Vila Medeiros, São Paulo, Brasil
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Já rezaste o teu terço hoje?